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Cidades
Cenário XXI - Nascimento e morte das estrelas
Astros e humanos têm uma origem comum, pois somos feitos, basicamente, do mesmo material
Patrícia Azevedo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
patricia.azevedo@rac.com.br
O
homem, assim como tudo o que existe no Universo, é feito do mesmo
material que as estrelas que costuma observar. Carbono, hidrogênio,
hélio e outros gases e metais que formam os astros também estão no nosso
organismo, diz a astrônoma e pesquisadora em astrofísica estelar do
Observatório Nacional, Simone Daflon. Ela explica que quando uma estrela
morre, parte do material que a compõe acaba voltando para o Universo.
“Seja qual for o processo de morte das estrelas, sempre existe uma
fração de sua massa que é devolvida ao espaço”, observa. Sobras do
processo de formação das estrelas dão origem a planetas como o nosso.
No
processo de evolução, as estrelas criam em suas entranhas elementos
como o ferro e o carbono, que integram o nosso organismo. Então, podemos
concluir que nossos corpos são basicamente formados por restos de
estrelas que desapareceram há bilhões de anos. Somos pó e ao pó
voltaremos. A explosão de uma estrela ancestral pode ter gerado os
restos que deram origem ao Sol, seus planetas e a nós mesmos. Os átomos
de nossos corpos vêm de algum lugar e não são criados no processo
biológico de procriação humana.
As estrelas são formadas
basicamente de gás e poeira molecular, que é composta em sua maioria por
hidrogênio e outros elementos atômicos. O professor do Instituto de
Física da Unicamp Jun Takahashi explica que essa poeira fica nas
nebulosas, onde as estrelas são formadas. Ele conta que por causa da
força da gravidade essa poeira começa a se aglomerar num corpo chamado
de proto-estrela. “Se a massa não for grande o suficiente, ela vira uma
anã-marrom, que parece um planeta e não brilha sozinha. Se juntar
bastante poeira, ela tem uma força gravitacional maior e colapsa mais.
Com o aumento da densidade, a temperatura também aumenta”, acrescenta
Takahashi. Quando a temperatura atinge alguns milhões de graus Celsius,
ocorre a fusão nuclear. “As moléculas de hidrogênio se fundem criando o
hélio. Essa produção libera uma grande quantidade de energia”, explica
Takahashi.
Depois disso o corpo já pode ser chamado de estrela. A
liberação da energia decorrente da fusão nuclear estabiliza a estrela,
que ainda permanece sob o efeito da força da gravidade.
A
astrônoma explica que, assim como o homem, as estrelas têm um ciclo de
vida. Durante a sua evolução, elas modificam sua composição química
inicial. “Elas evoluem em tempos diferentes e terminam suas vidas de
formas diferentes, dependendo da sua massa inicial. Em resumo, a massa
de uma estrela é o parâmetro fundamental que determina como serão os
estágios finais da sua evolução e qual a duração de cada fase
intermediária”, explica.
Uma estrela como o Sol vive em torno de
10 bilhões de anos, enquanto que estrelas com massas 10 vezes maiores
vivem cerca de 100 milhões de anos. “O fim da evolução estelar também
será diferente para estrelas de diferentes massas”, comenta a astrônoma.
Antes de chegar ao fim, a estrela se transforma em outros
objetos. Em um determinado momento a queima do hidrogênio dentro de uma
estrela acaba e ela volta a colapsar, fica mais densa e esquenta ainda
mais. “Com o novo aumento de temperatura, novamente começam a acontecer
processos de fusão nuclear e devido a uma produção mais rápida a pressão
também aumenta e ela passa a ser chamada de gigante vermelha. Quando
acaba o combustível nuclear, a estrela volta a colapsar e perde tamanho.
Passa então a ser chamada de anã-branca, que tem um brilho muito fraco.
E estrelas com tamanho maior que as do Sol, outros processos de
fusão nuclear podem ocorrer e haver a formação de elementos mais
pesados como o ferro”, explica o pesquisador da Unicamp.
Se a
proto-estrela tiver massa oito vezes maior que o sol, a força
gravitacional sobre ela é maior e ela colapsa mais rapidamente e explode
num processo chamado supernova. Parte do corpo vira poeira e volta ao
espaço. Alguns fragmentos podem se transformar nas chamadas estrelas de
nêutrons, que são muito pequenas (têm 10 quilômetros de extensão), mas
têm a mesma massa do Sol.
Takahashi explica que se essas
estrelas de nêutrons tiverem massa equivalente a três vezes a do Sol, o
colpaso gravitacional continua e elas viram um buraco negro. “O buraco
negro é um objeto que tem tanta força gravitacional que nem a luz escapa
dele”, conta Takahashi.
Em um Universo movimentado, as galáxias colidem
Estrelas mais antigas da Via Láctea são o que sobrou das trombadas
Estudo
publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
revelou que muitas das estrelas mais antigas da Via Láctea são
remanescentes de outras galáxias menores que foram dilaceradas por
colisões há cerca de 5 bilhões de anos. Segundo grupo de cientistas de
instituições da Alemanha, Holanda e Reino Unido, essas estrelas são
quase tão antigas quanto o Universo.
Os pesquisadores montaram
simulações em computadores para tentar recriar cenários existentes na
infância da Via Láctea. O estudo concluiu que as estrelas mais antigas
na galáxia, encontradas atualmente em um halo de detritos em torno dela,
foram arrancadas de sistemas menores pela força gravitacional gerada
pela colisão entre galáxias.
Os cientistas estimam que no início o
Universo era cheio de pequenas galáxias que tiveram existências curtas.
Esses sistemas colidiram entre eles deixando detritos que acabaram nas
galáxias que existem hoje.
Um dos autores do estudo, o cientista
Andrew Cooper, do Centro de Cosmologia Computacional da Universidade
Durham, no Reino Unido, disse que as simulações mostram que essas
estrelas anciãs são relacionadas a eventos no passado distante.
Ele
contou que assim como as camadas antigas de rochas revelam a história
da Terra, o halo estelar preserva o registro do período inicial na vida
da Via Láctea, que terminou muito tempo antes de o Sol ser formado.
Simulações
As
simulações computacionais tomaram como início o Big Bang, há cerca de
13 bilhões de anos, e usaram as leis universais da física para traçar a
evolução das estrelas e da matéria escura existente no Universo. Matéria
escura é o nome que se dá a um tipo de matéria que se aglomera em
galáxias mas não emite nem interage com a luz.
O estudo é parte
do Projeto Aquário, conduzido pelo consórcio Virgem, que tem como
objetivo usar as mais complexas simulações feitas em computador para
estudar a formação de galáxias. (Da Agência Fapesp)
Cientistas descobrem novos planetas
Dois
planetas semelhantes a Saturno e além do Sistema Solar foram
descobertos por um grupo de cientistas a partir de dados obtidos pelo
observatório espacial Kepler, da Nasa. É o primeiro sistema planetário
com mais de um planeta transitando a mesma estrela. O grupo também
encontrou sinais de um possível terceiro planeta, menor que Saturno mas
maior do que a Terra. Os exoplanetas estão em órbita de uma estrela
distante e de dimensão parecida com a do Sol. A descoberta foi publicada
pela revista Science. Matthew Holman, do Centro de Astrofísica
Harvard-Smithsonian, e colegas analisaram sete meses de dados colhidos
pelo Kepler, com observação de mais de 156 mil estrelas, e identificaram
dois novos planetas, aos quais deram os nomes Kepler-9b e Kepler-9c. Os
planetas têm períodos de transição de 19,2 e 38,9 dias,
respectivamente. Os períodos são instáveis, aumentando ou diminuindo em
taxas de 4 minutos e 39 segundos por órbita. Um planeta único orbita uma
estrela de modo periodicamente preciso, mas, no caso dos planetas
descobertos, as variações, segundo os pesquisadores, devem-se às fortes
interações gravitacionais entre eles. (Agência Fapesp)
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